segunda-feira, 21 de junho de 2010

hoMENAGEem via POST ao saraMAGO.


Marcela era assim. Após uma conversinha boba e outra, gostava de olhar bem fundo nos olhos do namorado e perguntar: "-Amor, me fala o que você pensa da vida?".

Teobaldo se fazia de desentendido e olhava para os lados como quem tenta disparçar: "Isso é pra mim mesmo?". Ora ele ria, ora ele chamava Marcela para o abraço e dizia: "Minha louquinha predileta...".

Mas Marcela falava bem sério. Havia momentos em que definitivamente era entendiante aquele papinho besta sobre as pessoas ao seu redor. A gastura do seu latim com a vida alheia, a preocupação com o susposto novo afair do Beltraninho eram assuntos de pouca areia para o seu caminhãozinho. E quando gastava o seu tempo assim, Marcela se sentia burra.

Ela preferia os momentos de conversas profundas ou sem pé nem cabeça com o namorado. Gostava também de rir das piadinhas geniais do Teobaldo quando ele estava inspirado. Aquele senso de humor negro e politicamente incorreto sobre tudo... Ela, louquinha, era amante das filosofias inventadas de seu argentino tímido-falador... E, para as horas de perigo, o termômetro:

"- Amor, me fala o que você pensa da vida?"

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Junto aqui, Marcela e Teobaldo à Saramago, fazendo um ménage em palavras sobre uma das coisas da vida que também dá tesão... inteligência.

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Pensar, pensar



Junho 18, 2010 por Fundação José Saramago


Acho que na sociedade actual nos falta filosofia. Filosofia como espaço, lugar, método de refexão, que pode não ter um objectivo determinado, como a ciência, que avança para satisfazer objectivos. Falta-nos reflexão, pensar, precisamos do trabalho de pensar, e parece-me que, sem ideias, nao vamos a parte nenhuma.
Revista do Expresso, Portugal (entrevista), 11 de Outubro de 2008

José Saramago


OBS. Este é o último post do seu blog: "Outros Cadernos de Saramago":

Um comentário:

Anônimo disse...

Concordo sobre a relevância do pensar em nossa sociedade emburrecida!