quinta-feira, 31 de julho de 2008

Aniversário do Blog em dia de SIM ao angu!!!


Parabéns para o blog!!! Um ano de escritos!!


"Iria mudar tudo de novo. Ia. Iria. Não ia. Não foi. Hesitei. Alguma coisa aqui dentro solta, portanto, "coisa-solta" stopou o gesto automático. Afinal esse era o problema, mais um daqueles gestos automatizados: "- Não faço isso de novo", Alice disse, a tempo. Mas retomando de onde parei, zoom cinzento destino a esta pseudo "coisa-solta", uma repentina mudança em naturalidade de ocorrência, surprendia por sutiliza e superioridade. Pegou? Dá uma acelerada. Mas é que o jeito da mudança presente se for comparada ao estágio superado é assim, "solto", de repente, a escravização daquela mudança continuada anteior, viciosa. Foi quase que uma pausa. Foi em silêncio. Foi um descanso. Aliaís em silêncio é que se pega no ar as ilusões em baixo do seu nariz. Falemos agora de futuro. Apenas outro. Que veio de outros bons descaminhos".


Alice afirmou isso tudo de uma vez só, sem nem respirar. Alice em seu natural abstracionismo. Alice, surrealista literata, definitivamente, não era para este mundo.


DIGO SIM AO ANGU


Iria encerrar este blog, já que a função principal, diário de vigem, havia em sí, desaparecido. Mas, mudei de idéia e decidi mantê-lo, porque a paixão pela escrita é maior.

Eu havia trancado a faculdade de Letras, não sabia por quanto tempo, exatamente, e fui-me em uma trip "on the road", rumo ao desconhecido. A aventura durou 331 dias, e eu morei em Nova York e Londres, e habitei treze casas durante quase um ano. Conheci Veneza, Roma, Sevilha, Madrid, Barcelona, Granada, Paris, Lisboa e fiz viagens de carro por toda a Grã-Bretanha.

Nessas condições aventureiras, o blog servia para documentar situações marcantes, e as pessoas da história real transformavam-se em personagens. Era uma espécie de conexão com o que eu mais amava do meu antigo mundo, a imaginação, a arte e a cultura brasileira. Escrevi muito durante esse quase ano. Alguns textos transformei em posts, outros enviei para alguns amigos específicos, e outros, ainda, apenas guardei.

Agradeço ao carinho dos amigos durante este ano passado e afirmo: continuo com o meu "angu"!!

Máquina de Lavar



Higiene, limpeza, dois banhos ao dia. Limpar o rosto antes de dormir e ao acordar. Escovar os dentes depois de cada refeição. Impreterivelmente. Sabe aquela balinha de doce de leite gostosa que gruda nos dentes enquanto agente masca. Ela também não deverá ser perdoada diante da tortura higiênica que controlará a Cidade dos Ventos.

O escritor alertou a polícia local sobre o desaparecimento súbito Maria Mulata.

Ass. O escritor

***

- Agora, eu não sinto as minhas mãos!!! Eu não sinto… (dizia isso enquanto ora apertava-a, ora espetava-a com o garfo, ora mordia). – Eu quero sentir as minhas mãos!!!! Cadê vocês %$#@&!!!!

Penitenciava-se em uma falta de amor que não comeveu ninguém. Maria Mulata e sem mãos ganhou o poder da invisibilidade.

***

mão que perdeu a mão.
a cabeça que perdeu o pensamento
e o coração que precisava de descanso.

Uma grave epidemia tomou conta dos moradores da Cidade dos Ventos. Doentes, fracos, cansados do lixão e da fumaça suja saída dos veículos, reivindicam em um abaixo assinado à rainha da Brisa uma mudança enérgica em relação ao seu projeto de governo. Ou o fim do caos, ou sua cabeça de Brisa iria perder o pouco que restava.

Maria Mulata estava presente na reivindicação. Não notaram. Ela bem que tentou colocar o nome no abaixo assinado, mas as mãos não responderam a caneta novemente. Nem preciso dizer que isso fez com que ela ficasse puta três vezes mais, pelo abaixo assinado, pela ausência e de novo pela mão que não respondida e ora apertava-a, ora espetava-a com o garfo, ora mordia.

***

Do céu, leves ondulações cintilantes foram notadas. Elas já exitiam ou exitiam devido ao acontecimento presente? Ninguém continuou curioso diante do efeito térmico do ambiente. Quente. E as ondulações que pairavam no ar envolviam o povo dos ventos, e Maria Mulata trazendo ao momento um aspecto mágico.

Mágico?

Ela encarou a pureza da cores com saudades.

Ela ouvia a cor que dançava entre seus braços, seu cabelo, seu corpo… A cor a envolvia em um perfume tutti-fruti. Maria Mulata sorriu. Estava calma. O povo todo estava tranquilo.

***

O que estaria acontecendo na Cidade dos Ventos?

Ass. O escritor.