quinta-feira, 12 de junho de 2008

ao(s) dois(e): a.manhã do cora-ação decifrável


cartas nas mãos.

blefe;

a carta na manga.

- truco

peço seis!

- desce? (disse tímido).

Sou mistério. Boca larga destemperada. Mais mistério. Cada riso outros mils vazios. Sou mistério. Unhas pintadas, batom, rímel, blush, base, lápis de olho, lápis de boca e lápis de corrigir imperfeições, sombra, brilho. Perfume. Se aparento aparentesco apaterentasse alguma coisa significativa Aparecida seria. Sou mais eu. Não digo, não peco. Não conto. Seja por orgulhoso, seja por cumplicidade ao silêncio. Não conto. Não parece, mais é assim.

Aparecida enquanto dizia isso nos gestos, nas cores e nos olhares, naturalmente preferiu calar. Valha-me São José! Queria saber se Romualdo entenderia o convite. O convite publicitário.

Sou descoberta. Descoberta descobrida apresentada e tocada, sutilmente, de verdade, e pela primeira vez, fez se assim. Natural. A descoberta de Romualdo em Aparecida camuflada. Falando em subjetivos e na objetividade do assunto e ato amor. Romualdo disse certo:

- peço nove!

Sou descoberta pelas calçadas de pedra, e frias da noite. Sou descoberta no cimento da calçada de manhã. quente. Sou o natural acontecimento privilegiado, de eu e você, de repente assim, junto a esse lindo acreditar, somarmos um, mais um dois. Bem resolvidos, gemidos e estremecidos mistérios de uma dança salsa sem passos e descompassados beijos, as salivas, os toques e afogamentos de faces no travesseiros. Pernas, braços, ventre, gozo. Ao toque leve da mão na pele que está, quente, e, ... macia. E, pedindo para ser tocada. Sou mistério quando me relevo a você, mais do que desesperada. Mais do que ... Querendo todos os pedaços do seu corpo. Em fatias. Todos. E assim, entregue, de corpo e de almas. sou o espelho. sou você. Sou animal em dia de cio, sou criança quando dança ciranda. sou amanhecendo. estou amando -te... de manhã.

- Doze.

Disse segura. E colou a carta na testa, sem dó.

saia drapeada e janela




- Mas você mudou... de novo?
- Se acostume não, benhê...

Ela disse isso enquanto olhava janela a fora. A paixão pelos descaminhos ainda pulsava no sangue ardido e feroz da menina. da donzela. da puta. da louca. da rainha do tanque. da medrosa e da franguinha. da menina. da mulher. Maria já sabia. Maria se transformava em outras.


*E que venham os ventos do castelo... calmos e irritantemente acolhedores.