segunda-feira, 3 de dezembro de 2007

a verdade do drumond


Para amar, Neruda. Neruda porque ele é cem vezes e mais uma canção desesperado. Para alma, Bandeira. Bandeira porque ele é simples e exato. É dançar um tango, calmo, leve e imortal. Para pensar, Caieiro. Claro, ele é a pessoa das pessoas do Pessoa. Ele vê, e é isso. E a minha cabeça ainda tá mais é pegando no tranco. Gosta é de olhar mesmo. Já vale a pena para as almas não pequenas.

Mas as vezes é bom um gole seco do Drumond. Dessas doses que descem garganta a dentro, queimando. Mais um shot! E talvez ainda precise de mais uns goles de Machado, para beber das realidades sólidas que convivem junto aos mundos dos que acreditam e tomam leite parmalat.


*VERDADE*


A porta da verdade estava aberta,

mas só deixava passar

meia pessoa de cada vez.


Assim não era possível atingir toda a verdade,

porque a meia pessoa que entrava

só trazia o perfil de meia verdade.

E sua segunda metade

voltava igualmente com meio perfil.

E os meios perfis não coincidiam.


Arrebentaram a porta.

Derrubaram a porta.

Chegaram ao lugar luminoso

onde a verdade esplendia seus fogos.

Era dividida em metades

diferentes uma da outra.


Chegou-se a discutir qual a metade mais bela.

Nenhuma das duas era totalmente bela.

E carecia optar.

Cada um optou conforme

seu capricho, sua ilusão, sua miopia.

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